TEMA DE "OS INCONFIDENTES"
Toda vez que um justo grita,
um carrasco o vem calar.
Quem não presta, fica vivo;
quem é bom, mandam matar.
Quem não presta, fica vivo;
quem é bom, mandam matar. [do Romance V]
Foi trabalhar para todos...
— e vede o que lhe acontece!
Daqueles a quem servia,
já nenhum mais o conhece.
Quando a desgraça é profunda,
que amigo se compadece?
Foi trabalhar para todos...
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo,
Nessa esquisita batalha.
Suas ações e seu nome,
por onde a glória os espalha? [do Romance LIX]
Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
que reformava este mundo
de cima da montaria.
Por aqui passava um homem...
— e como o povo se ria! —
Ele, na frente, falava
e, atrás, a sorte corria...
Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
"Liberdade ainda que tarde"
nos prometia.
Por aqui passava um homem...
— e como o povo se ria! —
No entanto, à sua passagem,
Tudo era como alegria.
Por aqui passava um homem
— e como o povo se ria! —
"Liberdade ainda que tarde"
nos prometia. [do Romance XXXI]
Toda vez que um justo grita,
um carrasco o vem calar.
Quem não presta fica vivo;
quem é bom, mandam matar.
Quem não presta fica vivo;
quem é bom mandam matar. [do Romance V]
• Carlos Drummond de Andrade
+ Milton Nascimento
José
E agora?
E agora José
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drumond Andrade
Natal
Quando se é criança, o natal nunca chega
Quando se é jovem o natal passa rápido
Quando já se está velho,
Já não se sabe mais porque existe natal
Talvez se a vida tivesse fim,
não precisaria crer em ti
Creio, porque preciso crer.
Dentro de mim há esperança suficiente para crer.
Por isso creio.
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Sou Semente, sou solo, sou vida
O poeta da roça
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.
Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.
E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.
Patativa do Assaré/Antônio Gonçalves da Silva
Triste Partida
Meu Deus, meu Deus. . .
Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
Meu Deus, meu Deus
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois a barra não tem
Ai, ai, ai, ai
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
não chove mais não"
Ai, ai, ai, ai
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Senhor São José
Meu Deus, meu Deus
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
Ai, ai, ai, ai
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nós vamos a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Cá e pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
Meu Deus, meu Deus
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
Ai, ai, ai, ai
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
Meu Deus, meu Deus
A seca terrível
Que tudo devora
Lhe bota pra fora
Da terra natá
Ai, ai, ai, ai
O carro já corre
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
Meu Deus, meu Deus
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
Ai, ai, ai, ai
No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
Meu Deus, meu Deus
Tão triste, coitado
Falando saudoso
Seu filho choroso
Exclama a dizer
Ai, ai, ai, ai
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
Meu Deus, meu Deus
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
Ai, ai, ai, ai
E a linda pequena
Tremendo de medo
"Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?"
Meu Deus, meu Deus
Meu pé de roseira
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
Ai, ai, ai, ai
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo azul
Meu Deus, meu Deus
O pai, pesaroso
Nos filho pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
Ai, ai, ai, ai
Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Procura um patrão
Meu Deus, meu Deus
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
Ai, ai, ai, ai
Trabaia dois ano,
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
Meu Deus, meu Deus
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
Ai, ai, ai, ai
Se arguma notícia
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
Meu Deus, meu Deus
Lhe bate no peito
Saudade lhe molho
E as água nos óio
Começa a cair
Ai, ai, ai, ai
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
Meu Deus, meu Deus
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
Ai, ai, ai, ai
Distante da terra
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
À lama e o paú
Meu Deus, meu Deus
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
Ai, ai, ai, ai
Cante Lá Que Eu Canto Cá
Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.
Você teve inducação,
Aprendeu munta ciença,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa esperiença.
Nunca fez uma paioça,
Nunca trabaiou na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,
Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.
Pra gente cantá o sertão,
Precisa nele morá,
Tê armoço de fejão
E a janta de mucunzá,
Vivê pobre, sem dinhêro,
Socado dentro do mato,
De apragata currelepe,
Pisando inriba do estrepe,
Brocando a unha-de-gato.
Você é muito ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gozo,
Que eu canto meu padecê.
Inquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu infrento
A fome, a dô e a misera.
Pra sê poeta divera,
Precisa tê sofrimento.
Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de ôro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesôro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão dereito,
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.
E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.
Só canta o sertão dereito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteção de ninguém,
Coberto de precisão
Suportando a privação
Com paciença de Jó,
Puxando o cabo da inxada,
Na quebrada e na chapada,
Moiadinho de suó.
Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.
Mas porém, eu não invejo
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.
Seu verso é uma mistura,
É um tá sarapaté,
Que quem tem pôca leitura
Lê, mais não sabe o que é.
Tem tanta coisa incantada,
Tanta deusa, tanta fada,
Tanto mistéro e condão
E ôtros negoço impossive.
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão.
Canto as fulô e os abróio
Com todas coisa daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se as vêz andando no vale
Atrás de curá meus male
Quero repará pra serra
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um divule de rima
Caindo inriba da terra.
Mas tudo é rima rastêra
De fruita de jatobá,
De fôia de gamelêra
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poêra do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:
Nossa vida é deferente
E nosso verso também.
Repare que deferença
Iziste na vida nossa:
Inquanto eu tô na sentença,
Trabaiando em minha roça,
Você lá no seu descanso,
Fuma o seu cigarro mando,
Bem perfumado e sadio;
Já eu, aqui tive a sorte
De fumá cigarro forte
Feito de paia de mio.
Você, vaidoso e facêro,
Toda vez que qué fumá,
Tira do bôrso um isquêro
Do mais bonito metá.
Eu que não posso com isso,
Puxo por meu artifiço
Arranjado por aqui,
Feito de chifre de gado,
Cheio de argodão queimado,
Boa pedra e bom fuzí.
Sua vida é divirtida
E a minha é grande pená.
Só numa parte de vida
Nóis dois samo bem iguá:
É no dereito sagrado,
Por Jesus abençoado
Pra consolá nosso pranto,
Conheço e não me confundo
Da coisa mió do mundo
Nóis goza do mesmo tanto.
Eu não posso lhe invejá
Nem você invejá eu,
O que Deus lhe deu por lá,
Aqui Deus também me deu.
Pois minha boa muié,
Me estima com munta fé,
Me abraça, beja e qué bem
E ninguém pode negá
Que das coisa naturá
Tem ela o que a sua tem.
Aqui findo esta verdade
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve tomá.
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Vaca Estrela e Boi Fubá
Seu doutor me dê licença pra minha história contar.
Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear.
E todo dia aboiava na porteira do curral.
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.
Eu sou filho do Nordeste , não nego meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar,
Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.
Aquela seca medonha fez tudo se atrapalhar,
Não nasceu capim no campo para o gado sustentar
O sertão esturricou, fez os açude secar
Morreu minha Vaca Estrela, já acabou meu Boi Fubá
Perdi tudo quanto tinha, nunca mais pude aboiar
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.
Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar,
As água corre dos olho, começo logo a chorá
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.
Caboclo Roceiro
Caboclo Roceiro, das plaga do Norte
Que vive sem sorte, sem terra e sem lar,
A tua desdita é tristonho que canto,
Se escuto o meu pranto me ponho a chorar
Ninguém te oferece um feliz lenitivo
És rude e cativo, não tens liberdade.
A roça é teu mundo e também tua escola.
Teu braço é a mola que move a cidade
De noite tu vives na tua palhoça
De dia na roça de enxada na mão
Julgando que Deus é um pai vingativo,
Não vês o motivo da tua opressão
Tu pensas, amigo, que a vida que levas
De dores e trevas debaixo da cruz
E as crides constantes, quais sinas e espadas
São penas mandadas por nosso Jesus
Tu és nesta vida o fiel penitente
Um pobre inocente no banco do réu.
Caboclo não guarda contigo esta crença
A tua sentença não parte do céu.
O mestre divino que é sábio profundo
Não faz neste mundo teu fardo infeliz
As tuas desgraças com tua desordem
Não nascem das ordens do eterno juiz
A lua se apaga sem ter empecilho,
O sol do seu brilho jamais te negou
Porém os ingratos, com ódio e com guerra,
Tomaram-te a terra que Deus te entregou
De noite tu vives na tua palhoça
De dia na roça , de enxada na mão
Caboclo roceiro, sem lar , sem abrigo,
Tu és meu amigo, tu és meu irmão.
A água que sacia nossa sede, é a mesma que nos tira a vida,por axcesso de produtos tóxicos, depositado por pessoas que sabem o que estão fazendo.
joão dantasSomos feitos do mesmo produto que compõe a terra. Mas, boa parte de nós, não suporta imaginar a roupa com manchas da mesma terra que nos compõe. somos terra e à mesma terra tornaremos.
joão dantasDamos apelidos aos órgãos sexuais que nos fornecem a vida. e quando queremos ofender alguma coisa.Nós as maldizemos com esses apelidos.Pense em vagina e em seu apelido! Penis e seu apelido!Testículos e seu apelido! espermatozoide e seu apelido! Não é de se adimirar que algumas pessoas são estéreis,e que sem culpas as tornaram.
joão dantasAs mulheres,os transexuais, os idosos,os portadores de nescessidades especiais, os afrodescendentes, os obesos e todo mundo encontrou seu espaço legal. Agora não sabem o que fazer com isso.Ninguém mais tem deveres,só direitos.
joão dantasA lei não tem função quando a justiça não cumpre a sua.
joão dantasAs regras legais, são diferentes para quem tem o domínio do poder.Onde a vítima se torna culpada e o culpado passa a ser vítima.
joão dantasTodas as noites ao tomar banho sozinho, sinto sua falta para esfregar minhas costas.
Sinto sua falta quando tenho que dormir só.
Sinto sua falta quando tenho que me assentar à mesa para refeição.
Sinto sua falta ao acordar e não ter com quem dizer: voce não me deixou dormir esta noite!
Sinto sua falta quando deixo a louça sem lavar e não há que discuta comigo.
Sinto sua falta, quando não dou descarga no vaso sanitário e não há quem me corrija.
Sinto sua falta, quando adentro a casa sem limpar os pés.
Sinto sua falta, quando chego em casa um pouco mais tarde e não há quem pergunte: porque não ligou?
Sinto sua falta, quando estou um pouco acima do peso e não há quem me chame de barrigudo!
Sinto sua falta, quando não me barbeio e não há quem me diga que está espinhando.
Sinto sua falta, quando não há dinheiro para tudo e não há quem reclame.
Sinto sua falta, porque não há que discuta coisas de gente velha.
Sinto sua falta, porque sempre faz falta uma pessoa que pense no passado.
Sinto sua falta, para lembrar que quando éramos jovens, tudo era diferente.
Sinto sua falta, porque voce é a única pessoa,além de mim que me compreende.
Esta noite eu vou dormir e quero ter lindos sonhos. Quero sonhar com mulher bonita, com crianças bem educadas, filhos obedientes e livres. Quero sonhar com coisas muito boas, se isso me fizer feliz, quero dormir bem e acordar muito bem humorado e passar esse bom humor a todas as pessoas.
joão dantasQuando eu ficar velho
quero ser um contador de histórias
Quando eu ficar velho
Quero escrever minha própria história
Quando eu era criança, adorava ouvir os velhos
Agora que estou ficando velho
Queria ser criança outra vez
Quando eu for velho de verdade
Quero ser um velhinho legal
Quero ser aqueles velhinhos chic
De terno e gravata;bem alinhado
Quando eu ficar velhinho
Queria ter um punhado de crianças ao meu redor
Cada uma delas dizendo:
Vovô conta mais histórias de assombração!
Quero ter saúde pra pegar ao colo os recenascidos
Quero ter uma barba bem branquinha
Poder entrar nas redes sociais aos noventa anos
Quando eu for velhinho
Quero conhecer meus netos e bisnetos
Quando eu for já bisavô
Quero contar como era minha infância
Quero contar como era o mundo que vivi
Como as pessoas se respeitavam
Como as pessoas se comunicavam
Se eu chegar a ser muito velhinho
Quero arrumar uma bengala daquelas de cabo curvo
Colocar um chapéu na cabeça
Arranjar uma moça bem bonita e novinha
Que me conduza pelas ruas
Causar inveja a todo jovem
Quero ser o cara
Ser capaz de ser feliz mesmo depois dos oitenta
Quando eu casei produzi filhos
Quando os filhos casaram me deram netos
Quando eu envelhecer, produzirei alegrias
Produzirei histórias
Quando eu for velho,farei sucessores
Quando a idade chega os novos tem medo
Os velhos tem orgulho
Os mais novos tem esperança
Querem chegar onde vovô chegou.
Quando eu deixar esse mundo
Quero que sintam saudades de mim.
Assim como tolos, os sábios cometem erros irreparáveis.
joão dantasSe Deus não existir, os ateus estão perdidos, pois passam o tempo todo sem saber para onde vão.
joão dantasQuando as pessoas que amamos se vão,
um vazio do tamanho do infinito invade nosso ser.
Quando as pessoas que nos amam se vão,
invadimos o infinito a procura de alguém que as substituam.
O aniversário de pessoas amadas, nos inspiram a comemorar todos anos, cada dia, como se fosse o dia do aniversário de um amigo nosso.
joão dantasSó de pensar que um dia estaremos bem velhinhos sentados lado a lado,me anima um pouquinho mais, e sinto vontade de me manter vivo,enquanto muitos anos se passem até que a velhice chegue.
joão dantasJesus, o sujeito mais importante da história do mundo, é o menos citado como centro da história que sobre ele se escrevem.
joão dantasNão me incluiram entre os melhores, no entanto não me deixaram entre os piores, estou feliz.
joão dantasO sucesso de uma pessoa é conquistado com muito trabalho,bastante persistência, um bocado de sabedoria, e a coragem de errar quantas vezes forem necessárias.
joão dantasSe o mundo acabasse hoje, não tenho certeza se cumpri com minha missão aqui na terra.não tenho certeza se fui bom, muito bom, fantástico, ou se não passei de alguém que se esforçou e não passou no teste. Não queria que ninguém deixasse de viver sem ter pelo menos experimentado ser meu amigo. Não gostaria que uma criança faminta passasse por mim sem que eu percebesse sua fome. Não me sentiria bem, se acumulasse bens enquanto tantos, sequer tivesse um teto para abrigar se da chuva. Se o mundo findasse hoje, gostaria de ter dado meu melhor para que houvesse mais igualdade entre as pessoas. Gostaria que as cores se misturassem e que não houvesse percepção entre raças. Tenho em mente que não me deram as oportunidades que poderia ter, mas, não culpo ninguém, entendo que fui culpado pelos fracassos que tive, e responsavel pelo sucesso que alcancei.
joão dantasDeus Criou os ceus a terra e todas as coisas primárias.
Deus deu ordens para que todas as coisas encontrassem seu lugar no universo.
Deus orientou para que o universo fosse perfeito.
Deus não criou as coisas ruins.
Deus simplesmente criou as coisas
Deus não se incomoda com o que eu faço
Deus me dá todas as condições para fazer qualquer coisa
Deus sabe quem sou
Deus criou o universo
Deus criou as cores primárias para que elas se fundissem
criando novas cores
Deus colocou os elementos químicos para que se formassem matérias
Deus não está nem um pouco interessado se estou certo ou errado
Deus me deu entendimento para estudar e entender as coisas
Deus quer que eu seja sábio
Deus espera que eu seja inteligente
Deus espera que eu seja trabalhador
Deus quer que eu viva em comunidade
Deus quer que eu discuta
Deus quer que eu pense
DEus quer que eu decida
Deus quer que eu tenha bons amigos
Deus quer que eu viva no ceu
Deus sabe dos meus limites
Deus sabe da minha capacidade
Deus sabe que sou capaz
Deus simplesmente me fez dando todas as condições
Deus me ama
Deus me ensina
Deus deu os minerais
Deus Deu as frutas com vitaminas
Deus criou as proteínas
Deus é Senhor de tudo
Deus é o maior inventor desconhecido
Deus tem um ceu para mim
Deus tem um ceu para voce
Deus tem um ceu diferente para cada um de nós
Deus é o princípio e fim
Deus criou as direções
Deus criou o pra lá e pra cá
Deus criou o pra cima e o pra baixo.
Deus não é fantástico?
Pode parecer que somos apenas carne e osso. Mas, isso é apenas ilusão de raciocínio.
Nossa verdadeira essência é amor.Mesmo assim, muitos de nós acreditam que as coisas não passam de matéria.
A beleza das mulheres deixa qualquer homem desprovido de força para suportar sua própria fraqueza.
joão dantasSou velho e reconheço o que sou, mas me sinto tão jovem quanto quando havia apenas com dezoito anos.
joão dantasNa juventude não se sabe o que fazer com a mulher mais bonita de sua cidade.
Na velhice também não.
Quando a gente nasce, a gente chora ao ver as pessoas.
Quando a gente morre as pessoas choram ao ver a gente.
Meu coração é tão pequeno que a palma da mão consegue carregar, mas tão grande que consegue carregar bondades de amigos como você.
joão dantas